Chapter 4: Capítulo 4: O Guardião das Sombras
Keyon avançava pela caverna com uma determinação inabalável, mas algo em seu interior não conseguia ignorar a sensação de que ele estava sendo observado. O ar parecia mais pesado a cada passo, como se as paredes ao seu redor estivessem absorvendo toda a energia que ele emitia. Ele sentia a vibração do solo, a tensão crescente nas correntes de ar, e a pulsação de uma presença sombria que se aprofundava nas cavernas. Algo estava prestes a se revelar.
A caverna se estendia cada vez mais, seus corredores sinuosos pareciam ter sido esculpidos por mãos demoníacas, com paredes cobertas de runas antigas, quase apagadas pelo tempo. Em alguns lugares, o solo parecia se mover, ondulando de uma maneira que não era natural. O calor da energia demoníaca era intenso, uma sensação desconfortável de estar em um lugar onde a vida e a morte se confundem.
Keyon parou por um momento, fechando os olhos e se concentrando. Ele havia aprendido a usar suas habilidades de invocação para obter mais do que apenas poder de combate – ele podia sentir o ambiente, as formas de vida ocultas, e até as intenções por trás das ações ao seu redor. Ele invocou um pequeno golem de terra e o enviou mais fundo, em busca de pistas.
Conforme o golem se afastava, a temperatura da caverna parecia mudar, ficando mais fria, mais densa. Era como se o próprio lugar estivesse se preparando para o que viria. Alguns minutos depois, o golem retornou, trazendo consigo uma série de informações.
"Presença... antiga... selo quebrado..." a comunicação do golem chegou mentalmente a Keyon.
O jovem exorcista respirou fundo. Ele já tinha visto as runas na parede, mas agora compreendia o que aquilo significava: o selo de uma entidade maior. Algo havia sido libertado, algo que não deveria existir neste plano.
Sem hesitar, Keyon avançou com mais cautela. Ele sabia que o maior erro seria subestimar o que estava por vir. O corredor parecia se expandir à medida que ele caminhava, e uma sensação crescente de vertigem o dominava, como se o espaço ao seu redor estivesse se distorcendo. Logo, ele chegou a uma grande câmara subterrânea, onde a escuridão era quase palpável.
No centro da caverna, uma enorme figura se erguia, encoberta por uma aura negra, uma energia visceral que ondulava no ar. A sombra era imensa, sua forma incompleta, como se estivesse sendo mantida restrita. Seus olhos, duas fendas vermelhas, brilharam na escuridão. Uma gargalhada grave e profunda ecoou pelas paredes da caverna.
— Você não deveria ter vindo aqui, meio-demoníaco. — A voz era rasgada, cheia de distorções, como se fosse o eco de uma existência esquecida.
Keyon não se intimidou. Ele sabia o que estava enfrentando. O demônio diante dele não era um ser comum, mas uma entidade muito mais antiga, um guardião dos selos demoníacos que havia sido preso no fundo da terra por séculos. O tipo de criatura que se alimentava do medo e da desespero das almas humanas. Ele levantou sua mão, e uma onda de terra subiu em sua direção, formando uma barreira protetora.
— Eu não sou como os outros, e não vou deixar que você continue causando caos aqui. — Sua voz era firme, carregada de uma energia que o próprio demônio não podia ignorar.
A entidade soltou uma risada zombeteira.
— Você é apenas um produto do mundo humano, um híbrido. — A voz se tornou mais imponente. — Eu sou um guardião, e minha única missão é erradicar todos que perturbam o sono dos antigos.
Com um gesto fluido, Keyon invocou a terra ao seu redor, sentindo-a como uma extensão de seu próprio corpo. A terra se ergueu ao seu comando, formando pilares de rocha que se lançaram em direção à criatura, enquanto ele mantinha sua concentração. A batalha não seria fácil, mas ele sabia que sua vantagem estava no controle absoluto da terra. Cada movimento que o demônio fazia era mais imprevisível e sombrio, mas Keyon era meticuloso e preciso.
O demônio se moveu rápido, sua enorme sombra se estendendo e se distorcendo no espaço, atacando com garras e correntes de energia negra. As lâminas de terra que Keyon havia invocado colidiram contra o inimigo, mas ele parecia absorver os golpes, sua forma distorcendo como se estivesse se alimentando da própria energia da terra.
Keyon gritou uma invocação poderosa, e uma enorme explosão de rochas e terra se formou ao seu redor, cercando o demônio. A energia gerada era tão intensa que a caverna começou a tremer. A criatura foi forçada para trás, sua figura vacilante diante do impacto.
— Você... não pode me derrotar! — o demônio berrou, tentando recuperar o controle.
Keyon, com sua energia demoníaca fluindo mais forte agora, não deu chance para o inimigo. Ele fechou os olhos, sentindo sua linhagem pulsar com mais força, e invocou sua habilidade mais perigosa: a Terra dos Antigos, uma técnica que unia seu sangue demoníaco à força primordial da terra. O solo ao seu redor começou a tremer violentamente, como se estivesse se reconstituindo, e enormes raízes de pedra se ergueram, aprisionando o demônio.
O ser tentou lutar contra a prisão de pedra, mas a força de Keyon era intransponível. Ele havia invocado as energias mais profundas da terra, e agora o demônio estava preso. A energia que emana da sua habilidade era quase infinita, e ele podia sentir as raízes de pedra consumindo a essência do inimigo, drenando sua força.
Com um movimento final, Keyon ergueu as mãos para o céu e a terra respondeu, esmagando a criatura. O demônio berrou uma última vez antes de ser completamente absorvido, sua essência consumida pela força de Keyon.
Quando o silêncio finalmente se instalou, Keyon caiu de joelhos, exausto, mas satisfeito. Sua energia demoníaca se acalmou lentamente, e ele sentiu a pressão no ambiente dissipar. O demônio havia sido destruído, mas o peso de sua presença ainda pairava, como um eco no fundo de sua mente.
Ele ficou de pé, olhando para os escombros da caverna, onde a energia demoníaca havia sido dissipada. Os selos antigos haviam sido restaurados, mas ele sabia que o trabalho nunca estaria completo. A terra, ainda pulsante sob seus pés, parecia se recuperar, como se tivesse sido curada por sua intervenção.
Keyon fez um último gesto para o local, sentindo um leve tremor na terra, como se estivesse dizendo adeus a um inimigo que, embora derrotado, ainda era parte da história do mundo. Ele olhou para o céu através da abertura da caverna e sorriu levemente.
— O equilíbrio foi restaurado... por enquanto.